Eu
vivia no Claustro,
Na
sombra silenciosa dos mosteiros.
Mas
um dia,
Quando
as penitências mortificavam
O
meu corpo alquebrado e dolorido
E a
oração
Era
o conforto do meu coração,
Disse-me
alguém:
“Minha
filha,
Juraste
fidelidade só a Deus,
Mas
se entrevês os Céus
E as
suas maravilhas,
Se
tens a Fé mais pura,
A
Esperança mais linda,
Não
te esqueças que a Caridade,
O
anjo que nos abre as portas da Ventura,
Não
permanece
No
recanto das sombras, do repouso;
Se
ama a prece e a pureza,
Não
faz longas e inúteis orações:
Ela
é a serva de Deus
E as
suas preces fervorosas
São
feitas com as suas mãos carinhosas,
Que
pensam no coração da Humanidade
Todas
as chagas abertas
Pelo
egoísmo...
Está
sempre em meio às tentações
Para
vencê-las,
Esmagá-las
com o Bem,
Destruí-las
com Amor.
A
solidão da cela é um crime;
Não
te retires, pois, do mundo.
Darás
a Deus, sem reserva, a tua alma
Amando
o próximo,
Que
contigo é seu filho dileto.
Será
um hino constante subindo aos Céus;
Sê a
mãe desvelada,
A
irmã consoladora,
A
companheira terna
De
todos aqueles que te rodeiam
Na
estrada longa dos destinos comuns;
Sê a
abnegação e a bondade serena,
E a
tua Fé
Será
um hino constante subindo aos Céus;
A
tua esperança em Deus
Será
dilatada,
Para
que vislumbres as felicidades celestes
Que
esperam os justos na Mansão da Alegria...
Meu
corpo não resistiu
Aos
cilícios que o martirizavam
E
minhalma tomada de emoção
Abandonou-o,
brandamente,
Atraída
pela Verdade,
Desprezando
o repouso e a soledade,
Sonhando
com a luz do trabalho
Em
outras vidas benfazejas;
Porque
a verdadeira paz de espírito
É
conquistada
No
seio das lutas mais acerbas,
Dos
mais rudes pesares.
E só
a dor que nos crucia
Ou a
dor que consolamos,
–
Somente a Dor em sua essência pura
Nos
desvia da amarga desventura,
Purificando
os nossos corações
Na
conquista das altas perfeições.
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Livro:
Parnaso de Além-Túmulo
Médium:
Francisco Cândido Xavier
Autor
Espiritual: Espíritos Diversos
Ano:
1932